Sou
neurótica no quesito higiene das mãos. Daquelas mães bem chatas, mal a
Bia pisa em casa exclamo: “Lavar a mãozita, Mariquita”. É a primeira
coisa que nós duas fazemos e ai da pequena se demorar um minuto e sair
tocando nos móveis ou afagando a gata. Idem ao usar o banheiro e, para
mim, vale também antes de cozinhar. Tenho sempre álcool gel na bolsa e,
em passeios mais longos, lenços umedecidos. E mesmo com todo o cuidado
do mundo, ano passado a Bia foi diagnosticada com vermes. Como, quando,
onde contraiu? Também adoraria saber.
Quando uma
criança tem vermes, a culpa é sempre da mãe, mesmo que não seja. Olhares
recriminadores caem sobre nós como se não cuidássemos direito da cria.
Se não há culpa, há vergonha. Por mais que outras mães solidárias
consolem-nos “isso é normal nessa idade”, e que seja impossível impedir
que uma criança coloque a mão suja na boca de vez em quando, lá no fundo
a gente se sente incompetente por não ter evitado o contágio. Sim, eu
sei, são milhões de micro-organismos contra você, é uma luta desigual.
Mas quem disse que ser mãe é fácil?
A doença que Ana Bia teve chama-se Giardíase, causada pela ingestão dos cistos do protozoário Giardia lamblia, encontrados em riachos e córregos.
Uma vez dentro do corpo, já na forma adulta, essas criaturas
microscópicas detestáveis instalam-se no intestino e ali ficam
dificultando a absorção de nutrientes, podendo levar à desnutrição. Há
casos assintomáticos, mas os sintomas mais comuns são cólicas e
distensão abdominal, cocô mole e muito fedido (além do normal), perda de
peso sem motivo aparente, gases e o que ela teve: diarreia. Passou dez
dias indo ao banheiro direto e nada fazia curar.
No
início achei que fosse algo que houvesse comido. Cortei o leite, o
requeijão, frituras e aumentei a oferta de água, Ana Bia andava com uma
garrafinha pra cima e pra baixo. Observei-a durante três dias e não
melhorou. Passei na farmácia e comprei um medicamento para recompor a
flora intestinal. Deu uma apaziguada na situação por dois dias, parecia
que ia ficar tudo bem, mas voltou ao quadro inicial, só que sem cólicas.
Raios triplos!
Resolvi procurar um pediatra aqui em São Paulo, pois o dela é do Rio de Janeiro. Pedi
indicações às amigas, nenhum atendia emergências, só com hora marcada e
não havia horários naquela semana pré-carnaval. Liguei para o posto de
saúde do bairro, que me disseram que era bem bom, mas precisava ser
cadastrado para ser atendido. Pedi para me registrar, então. Anotaram
meus dados e fui informada de que um funcionário iria até a minha casa
para conferir se eu morava mesmo onde dizia, coisa e tal. Estou
esperando a visita dele até hoje.
Nisso,
chegou o Carnaval. Ana Bia foi para o Rio passar dez dias com o pai
cheia de recomendações. E graças à santa avó, que a levou ao médico da
família, ficamos sabendo através de um exame de fezes que era a tal
verminose. Uma das mais chatinhas de curar, diga-se. Tem que tomar
remédio por 15 dias, dar uma trégua de dez, e voltar a tomar mais duas
semanas. Seguimos à risca o tratamento e final feliz.
Como
eu comentei, é praticamente impossível controlar uma criança 100% do
tempo. Na escola, na rua, nas brincadeiras com os amigos, na colônia de
férias na fazenda sempre há uma chance de ela se contaminar. Mas há,
sim, maneiras de prevenir ou pelo menos fazer com que as probabilidades
de contágio sejam menores. São elas:
Lavar as mãos sempre, sempre e mais. No
mínimo 5 vezes por dia, nas seguintes situações: antes do café da
manhã, do almoço, do jantar, após usar o banheiro e ao chegar em casa da
rua. Com essa prática você evita até dez doenças, a saber: infecção
estomacal, respiratória, gripes, resfriados, diarreia, doenças de pele,
espinhas, dor de garganta, infecções no ouvido e erupções na pele.
Segundo a UNICEF e a OMS (Organização Mundial de Saúde), é possível
reduzir a incidência de infecções em até 40%.
Oriente seu filhote para que evite colocar a mão na boca,
chupar o dedo, roer as unhas, cavoucar a gengiva, lamber os dedos ao
sujar com picolé, entre outras práticas do gênero. Explique as
consequências. Com incentivo, crianças maiorzinhas não só entendem como
ajudam orgulhosas na missão “autocontrole”.
Não tem uma pia com sabonete à vista? O álcool em gel é uma medida complementar comprovadamente
eficaz, mata 99% das bactérias, incluindo o vírus da gripe H1N1. Leve
sempre um frasquinho na bolsa. O meu é perfumado e adivinha? A Bia
implora para usar. Junta as mãos em forma de súplica e faz cada careta
hilária! Ser mãe não é fácil, mas, vamos combinar, pode ser bem
divertido.