quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Pressionado pelo dólar alto, BC deve subir juro pela quarta vez consecutiva

Pressionado pelo dólar alto, BC deve subir juro pela quarta vez consecutiva

Taxa básica da economia deve avançar de 8,5% para 9% ao ano hoje.

Economista vê IPCA ao redor de 6% em todo governo Dilma Rousseff.

Copom sobe juro para 8,5% ao ano na terceira elevação seguida


Pressionado pela alta do dólar e seu respectivo impacto na inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira (28) de 8,5% para 9% ao ano. Se confirmada, será a quarta elevação consecutiva, levando os juros ao maior patamar desde março de 2012. A decisão será anunciada após as 18h.

Antes da alta recente do dólar, a expectativa do mercado era de que o aumento dos juros total previsto para este ano seria de um ponto percentual, passando de 7,25% para 8,25% ao ano no fim de 2013.

Segundo o economista da Tendências Consultorias, Silvio Campos Neto, a expectativa de alta dos juros nesta quarta-feira, com o objetivo de conter a inflação, está tão consolidada nos economistas do mercado financeiro que o foco principal da reunião não será nem mesmo a decisão em si, mas o comunicado que sairá após o encontro e, posteriormente, na ata do Copom a ser divulgada na semana que vem.

A expectativa é sobre as sinalizações que a autoridade monetária poderá dar sobre os próximos passos da política de juros. Até o momento, o mercado financeiro acredita em, pelo menos, mais uma nova alta dos juros ainda neste ano, em outubro, para 9,5% ao ano. Campos Neto, porém, prevê que os juros poderão subir ainda mais, chegando ao fim de 2013 em 9,75% ao ano - bem próximos da marca de 10% ao ano.

"O câmbio é e tem sido a variável de maior destaque e deve condicionar estas novas decisões de altas dos juros [pelo Copom]. Os preços já começam a ter efeito desta mudança no câmbio. A manutenção de um patamar do dólar próximo de R$ 2,40 gera novos efeitos na inflação neste ano", declarou o economista da Tendências.


Repasse para os preços

Analistas lembram que quase 25% dos produtos consumidos em nossa economia são importados, resultando em impacto inflacionário quando a moeda norte-americana se valoriza. Até meados do mês de maio, o dólar operava ao redor de R$ 2 no Brasil. Desde então, porém, registrou alta e, atualmente, tem mais próximo de R$ 2,40.


Os economistas avaliam que uma alta de R$ 0,10 no preço do dólar poderia ter um impacto de cerca de 0,2 ponto no IPCA deste ano. Deste modo, se o dólar estava em cerca de R$ 2 antes da sinalização do BC norte-americano e passou, atualmente, para um valor próximo de R$ 2,40, o impacto seria de aproximadamente 0,8 ponto percentual no IPCA.

Entretanto, o dólar teria de permanecer neste patamar para que o repasse aconteça de forma integral. Para Campos Neto, da Tendências, uma alta de 20% no dólar, como está ocorrendo neste ano, para cerca de R$ 2,40, teria um impacto de mais ou menos um ponto no IPCA de 2013.

Antes da alta recente do dólar, a expectativa do mercado era de que o aumento dos juros total previsto para este ano seria de um ponto percentual, passando de 7,25% para 8,25% ao ano no fim de 2013. Após a disparada do câmbio, os economistas dos bancos passaram a prever um ciclo bem maior de alta dos juros: para 9,5% ao ano no fim de 2013.


Inflação

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.


Ao subir os juros, o BC atua para controlar a inflação e, ao baixá-los, julga, teoricamente, que a inflação está compatível com a meta. Em doze meses até julho, o IPCA, que serve de referência para o sistema de metas de inflação brasileiro, somou 6,18%.

Em 2011, a inflação foi de 6,5% e, no ano passado, totalizou 5,84%. O economista Silvio Campos Neto prevê um IPCA próximo de 6% também em 2013 e 2014. "Houve redução dos juros em 2012 onde não havia justificativa. Isso sugeriu que BC nao mirava [na meta central de 4,5%] e isso é fatal em um regime de metas. Caso não busque o centro da meta, acaba perdendo a coordenação de expectativas", avaliou o economista.

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